
A minha, a sua, a nossa cidade
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Depois de atuações nos sucessos de bilheteria Ainda estou aqui e Fé para o impossível, Dan participou de Conspiração Condor e está filmando Uma praia em nossas vidas. Além disso, está no palco com O mercador de Veneza, de Shakespeare, que chega a São Paulo em outubro, no TUCA. Inquieto, Dan foi comentarista de futebol no canal ESPN, apresentou o CQC na Band, comanda o programa Fim de Expediente na CBN desde 2006 e é diretor artístico do Teatro Eva Hertz. Casado com a jornalista Heloisa Becker Albertani, é o pai “bem presente” de Anita, 14, e Davi, 12.
Você está no elenco dos filmes Fé para o impossível e Ainda estou aqui, que trouxe o primeiro Oscar para o Brasil. Duas histórias reais e muitas emoções?
Estou filmando Uma praia em nossas vidas, com a Alessandra Negrini, outra história real. Ainda estou aqui e Fé para o impossível são dois filmes muito diferentes em seus propósitos, em suas histórias, em suas direções, e buscam públicos diversos, mas ambos têm uma força emocional incrível, como as novelas de antigamente. Foi interessante me comunicar com as pessoas de forma tão intensa. São trabalhos muito recompensadores, cada um à sua maneira, e por motivos diferentes. Foi muito legal fazer.
Você disse que gosta de fazer novela porque ainda é o lugar onde o Brasil se discute?
A novela, por seu alcance diário e em grande escala, discute o Brasil como poucos formatos, mas todo trabalho artístico que fala do Brasil rediscute o país e sua sociedade. Filmes como Ainda estou aqui, sobre uma família na ditadura, ou Fé para o impossível também provocam reflexões sobre o país. Nossa TV, com autores como Dias Gomes e Gilberto Braga, sempre usou a novela para questionar a sociedade, diferentemente de outros países onde o foco é só o folhetim bem contado, sem incluir nenhum possível incômodo.
O programa Fim de Expediente já tem 19 anos. Como surgiu?
Surgiu despretensiosamente, gravando conversas com amigos após andar de bicicleta. Queríamos algo leve, mas que tratasse de temas sérios, compartilhando dúvidas, não apenas certezas. Isso conecta as pessoas. O ouvinte às vezes nos ensina, como em um papo entre amigos, e o programa ganhou vida própria.
Que tipo de pai você é?
Sou um pai bem presente. Enfrento o dilema: em que a gente consegue ser diferente dos nossos pais e em que não consegue. Revisito minha relação com meu próprio pai para entender coisas que não entendia, me perdoar, perdoá-lo. Por ser menino e me reconhecer em muitas dúvidas dele, procuro deixar espaço para que meu filho siga seu caminho, sem projetar meus sonhos ou frustrações. Também entender o universo da minha filha. Eles têm personalidades distintas, e vejo que muita coisa vem de fábrica, que nós, como pais, não conseguimos moldar. A gente consegue botar limites, educar. Educação e gentileza são essenciais, especialmente num mundo de influências deselegantes, agressivas e imediatistas. E também muito confortável e prático, porque o vídeo na internet é mais fácil que o livro; o mundo te leva para um lugar de preguiça, de acomodação e de certezas com que às vezes é muito difícil lidar. Meus filhos não têm redes sociais, mas não os isolo da tecnologia. Sou presente e com vontade de estar presente; eles sabem que podem errar, mas estarei sempre com eles.
Oriundo de uma família de imigrantes judeus poloneses que vieram para o Brasil depois da Segunda Guerra, como você vê o conflito em Israel?
Com muita tristeza. De alguma maneira, a ação do governo israelense coloca toda a humanidade — e os judeus em particular — numa posição delicada. As coisas se misturam: você não pode ser colocado como antissemita quando critica a ação de Israel, nem o contrário; a ação de Israel não pode liberar o antissemitismo. Acho que tudo isso poderia ser resolvido de outra maneira, menos violenta, buscando a construção de dois estados que vivessem em futura harmonia, mas o caminho atual não parece construir a paz. Judeus, palestinos, todos os povos têm direito à sua terra, à manifestação da sua cultura, à liberdade. Todos os judeus do mundo todo, mesmo os que são contra a atitude de Israel, são objeto de um preconceito muito forte. A gente imaginava que isso estivesse adormecido, mas tem se manifestado de maneira cada vez mais forte, infelizmente.
Qual é sua relação com São Paulo?
Muito forte. É a cidade onde nasci, onde escolhi viver e onde meus filhos nasceram. Tenho a minha São Paulo, os meus restaurantes, lojas, lugares, bairros, amigos, estádios, meus pontos de referência. Gosto da megalópole, desse movimento, dessa mudança constante, mas a verticalização desenfreada me preocupa, pois a cidade vai perdendo sua humanidade, empilhando pessoas, descaracterizando alguns bairros. Um controle maior deveria ser uma preocupação do poder público.

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