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O amor nos tempos da Covid

“O reflexo do anjo no vidro transmite essa ideia de uma certa clausura, ao mesmo tempo que mostra o divino e o mundano (a rua lá fora) juntos. Tem amor e contexto.”

Texto e foto ALEXANDRE GAMA

O amor nos tempos de covid - Jornal aQuadra - Jardins

O amor contagia, mas é como um antivírus, uma “infecção” benigna que gera anticorpos contra tudo que o ser humano tem de mais maligno – o egoísmo, a indiferença, a ingratidão, a intolerância. Desde 2019, quando os relacionamentos em geral passaram a ser testados pelo isolamento social e pela pandemia, como nunca antes (muito mais que nos tempos do cólera, no famoso livro de Gabriel García Márquez) amor é mais que um sentimento – é o sistema imunológico da alma. Afinal, como enfrentar emocionalmente tudo que vivemos e ainda estamos vivendo? Como olhar para fora e não se fechar em si mesmo? Diante de tudo que temos passado, paciência apenas não é suficiente, porque, como diz o ditado, paciência tem limite. Já o amor não. E, entre as várias formas de amor, precisamos de todas hoje em dia, sem exceção. Não é suficiente amar companheiro(a), cônjuge ou filhos apenas, porque, diante de uma conjuntura global como a atual, a única maneira verdadeira e humana de sentir e agir é coletivamente. Por isso, no mês dos namorados, acho que se pode declarar amor mais que a ela ou a ele apenas.

Quando me casei em 2009, fizemos, eu e minha esposa, a tradicional lista de sugestão de presentes para os convidados apenas com doações a entidades e causas que queríamos ver apoiadas. O convidado escolhia o “presente” e uma ONG fazia a entrega. Naquele momento de vida, eu estava envolvido muito diretamente com a causa da sustentabilidade e com iniciativas que combatiam o aquecimento global e auxiliavam na preservação ambiental em geral e do Amazonas e de seu ecossistema em particular. Portanto, os nossos “presentes” de casamento eram doações dos convidados àquelas entidades ligadas à sustentabilidade – nada diretamente para nós dois. Foi uma declaração de amor conjunta de nossa parte àquelas causas e beneficiários que obviamente ficaram tão felizes com o nosso casamento quanto os amigos e convidados (ou até mais). E foi também uma maneira de fazer o nosso caso de amor se estender ao planeta e à vida nele. Mais de dez anos depois, aquela causa só cresce e continua importante, é claro, mas o momento agora pede uma demonstração de amor também urgente, porque a pandemia ampliou a fome e o desemprego de forma aguda.

Então, fica aqui a ideia e a sugestão para o mês e o Dia dos Namora- dos: cada parte dar de presente a uma entidade uma doação em nome da outra parte. Ou, ainda, as duas partes fazerem a doação conjunta- mente. Hoje, já existem plataformas digitais para fazer online o que fiz em 2009, e, para ficar tudo mais fácil, posso sugerir uma aqui: o site BSocial (https://www.bsocial.com.br/). Basta entrar, selecionar a causa Covid-19 no menu, escolher uma das entidades ali inscritas e presentear em forma de doação sem nenhum trabalho maior (a Cruz Vermelha é uma delas, o que mostra a idoneidade da iniciativa). É claro que o comércio espera que o seu dinheiro compre presentes físicos nas lojas, e isso também é uma forma de ajudar o momento e a recuperação. Mas se você pode dar dois presentes, um deles para o seu amor próximo e outro em nome do seu amor ao próximo, o momento nunca foi tão carente dessa possibilidade.

Amor é gesto e, quando ele age estendendo as mãos para além de sua área de convivência e conforto, expande seu efeito. Que seu amor pela pessoa amada possa alcançar muitos mais.

Feliz Dia dos Namorados.

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