
São Paulo 2030
Tarde de terça-feira de carnaval. Estou sozinho aqui no Studio e começo a escrever este texto para o jornal aQuadra. Devo escrever algo sobre São Paulo em 2030.
O projeto que explora a sustentabilidade é encabeçado pelos profissionais dos escritórios MK27 e Magnetoscópio que, além de Kogan, tem a arquiteta Renata Furlanetto como autora.
Em uma área construída de 2.806 m2, vai abordar o maior patrimônio do país, a Floresta Amazônica, revelando a sua importância na busca por aliviar as pressões climáticas e ambientais do mundo. Seus três andares propõem experiências imersivas, com efeitos às vezes sensoriais.
Marcio Kogan tem uma relação profunda com o Japão. Em entrevista exclusiva, ele conta como foi a criação do projeto vencedor.
Qual é a sua relação com o Japão?
Numa viagem, há 10 anos, cheguei à noite em Tóquio e em alguns minutos já estava apaixonado pelo lugar. Parecia um outro planeta, muito diferente, ou talvez o oposto do meu país. Desde então, fui para lá em todos os finais de ano, só interrompido pela pandemia. A sofisticação do tradicional e o radicalismo do moderno, costumes muito diferentes, o respeito, o silêncio e essa sensação de estar em outro planeta me fascinam.
Quais referências japonesas você costuma usar nos seus projetos?
Acho que em cada canto de Tóquio e Kioto você pode encontrar algo esteticamente sofisticado. Desde uma loja de vassouras até as roupas do incrível Issey Miyake.
Como consegue unir Brasil e Japão?
Uma geração de arquitetos incríveis como Kazuyo Sejima, Ryūe Nishizawa (só o Teshima Museum of Art vale uma passagem aérea para o Japão), Toyo Ito, Kengo Kuma, Sou Fujimoto e Junya Ishigami (o Art Biotop Water Garden também vale a viagem), tiveram uma grande influência do nosso modernismo e principalmente de Oscar Niemeyer.
Mas um bom exemplo desta união estará no pavilhão de Osaka, num restaurante japonês onde convidaremos o chef Hiroya Takano, do restaurante Shin Suzuran, que faz uma culinária japonesa com ingredientes amazônicos. Quem for poderá comer o sunomono de vitória-régia com lichia ou um tempurá de urtiga.
Qual foi sua maior inspiração na criação do Pavilhão?
Um elemento muito importante no nosso projeto foi a curadoria do Marcello Dantas e seu time da Magnetoscópio, que trouxeram o tema dos “Rios Voadores”, um fenômeno atmosférico que transforma o vapor gerado pela floresta amazônica em chuva em quase todo o Brasil, propiciando através da agricultura comida para bilhões. Vários cientistas envolvidos nesta pesquisa chamam a atenção ao desmatamento da Amazônia que poderá trazer um colapso em todo esse ecossistema. A equipe do Studio MK27 simplesmente deu forma a esta ideia.
Somam-se a ela artistas como Laura Vinci, que criará as nuvens e o japonês Makoto Azuma que será responsável por mostrar a biodiversidade do nosso país. E também vale citar a cooperação de Antonio Nobre, um dos cientistas brasileiros mais influentes da atualidade.

Tarde de terça-feira de carnaval. Estou sozinho aqui no Studio e começo a escrever este texto para o jornal aQuadra. Devo escrever algo sobre São Paulo em 2030.

Victor Brecheret, como ficou conhecido após naturalizar-se brasileiro, é considerado um dos mais importantes escultores do Brasil,

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