Flanar pelas ruas da metrópole e passear por livrarias, museus e galerias de arte precisou ser adiado para um futuro incerto. Horas à mesa daquele restaurante não estavam mais disponíveis. Procurar inspiração nos ateliês de designers de moda, costureiras e artesãs que criam peças nunca antes vistas tampouco era uma opção. Atividades físicas apenas por aulas on-line. De repente, nossos filhos não podiam mais frequentar a escola. As festas, de todos os tipos, cores e faixas etárias, foram canceladas. Fez-se mandatório esconder nosso rosto atrás de máscaras. Tudo assim, do dia para a noite, sem aviso prévio.
Era o início da quarentena, março de 2020. Nasceu, aí, nossa relação epistolar.
Tornar públicas as nossas cartas uma para a outra foi a maneira que encontramos para trazer à luz certa dose de otimismo, mesmo que na marra. Havia um fluxo de consciência que precisávamos expurgar do corpo e da mente, indissociáveis que são.
Nada mais simbólico do que escrever cartas, não só porque fazia sentido naquele momento em que a saudade dos afetos batia todos os recordes, mas também por conta da nossa história. Olhando em retrospecto, certamente éramos (e seguimos sendo) espelho uma para outra. Somos jornalistas, as palavras nos são uma forma de existir. Começamos nossas carreiras na Vogue, quase duas décadas atrás. Época em que a revista era uma potência sem igual, sob a batuta de Ignácio de Loyola Brandão.
Somos mulheres, brancas, de classe média. Habitamos na aspereza urbana de que é feita São Paulo, mas sempre arranjamos um jeito de fugir para ver o mar — e amar. Também, vez ou outra, escapamos para debaixo de alguma árvore da metrópole. Somos também seres maternais, absolutamente apaixonadas pela educação, assunto que tanto colaborou para a liga entre nós. Duas mães de meninos.
Ao longo das cartas, escritas entre junho de 2020 e maio de 2021, falamos sobre pensamentos profundos e banais. Alguns até cômicos. Enquanto uma narrava sobre a pia de sua família, sempre com trezentos copos para lavar, a outra contava sobre como a dança andava salvando seus dias e sobre como brincava com as palavras, como MU|dança e a hashtag #danceatéopulmãoinflar.
Agora, nosso maior desejo é que nossa correspondência impressa no livro Lugar de fazer morada seja como um abraço para mais e mais pessoas.
Carolina Delboni, jornalista, escritora e colunista do Estadão, e Juliana Pinheiro Mota, jornalista, colaboradora da revista Vogue e criadora de conteúdo para marcas de luxo, são autoras do livro Lugar de fazer morada, da editora Mapa Lab.
Receita – o segredo do Chocolamour original, sobremesa emblemática de São Paulo, era “esconder a farofa por baixo da calda e do chantili…”
Tarde de terça-feira de carnaval. Estou sozinho aqui no Studio e começo a escrever este texto para o jornal aQuadra. Devo escrever algo sobre São Paulo em 2030.
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