É uma fase, assim como a juventude é uma fase entre a infância e a maturidade.
A linguagem da juventude é a polarização, e a solução da polarização é a exclusão do outro, tout court. E, claro, com a certeza de que a exclusão é a decisão mais justa, a mais correta e a melhor para todos. O jovem é belicoso assim porque está aprendendo quem é, e tudo que é “diferente” dele é ameaça a sua busca de identidade, ainda frágil. Sua visão de mundo é simples e sua maneira de lidar com o mundo também é simples: ou isso ou aquilo! Não tem terceira opção. Seu grito de guerra é simples e cheio de heroísmo: “Independência ou Morte!”.
Para deixar de ser simples e belicoso e poder assumir as responsabilidades de trabalhar numa empresa e ter uma família, o jovem ou a jovem deve entender que na realidade o grito é “Interdependência ou Morte!”.
A passagem da independência para a interdependência não é fácil porque normalmente o jovem confunde interdependência com dependência, que era exatamente a condição da infância da qual ele queria tanto se libertar. Para ele, é difícil entender que interdependência é dependência mútua e que, com essa consciência, independência evolui para autonomia.
É assim que entramos na maturidade, fase em que aprendemos que o mundo não é simples e que o “e” é uma ferramenta tão importante quanto o “ou” para entender a vida e administrá-la. Isto é, que as coisas podem ser e não ser ao mesmo tempo, que todos podem ter um pouco de razão e que o caminho da paz é a negociação.
Para se ter boas negociações, é preciso, primeiro, tirar as pessoas tipo jovem da sala – ops, olha a exclusão… –, corrigindo, é preciso tirar o modelo binário “ou ou” da conversa e instalar o modelo mental “ou + e”. Segundo, é preciso que as partes interessadas tenham clareza sobre suas identidades, interesses, necessidades e opiniões para facilitar a troca de ideias.
No caso do Jardim Paulistano, na minha opinião, devemos limitar a velocidade de qualquer veículo a 20 quilômetros por hora dentro do bairro, nas ruas estreitas sem calçada permitir a circulação apenas de veículos autorizados, nas ruas com calçadas definir duas mãos e estacionamento dos dois lados e, no bairro todo, nos fins de semana e feriados, permitir circulação apenas de veículos que tenham o próprio bairro como destino.
Sei que temos várias frentes conversando sobre o assunto. Estou junto. Somos uma sociedade em construção. Vamos negociar.