A família francesa de Bruno Beauchamps por parte de pai é a razão de sua profunda relação com o universo audiovisual. Seu avô, Xavier Gouyou-Beauchamps, foi presidente da France Télévisions por muitos anos, e seu pai, Marc Beauchamps, estudou cinema na França. Quando o avô acertou uma coprodução da France Télévisions com a TV Bandeirantes para fazer um documentário sobre Serra Pelada, Marc Beauchamps veio para o Brasil, se apaixonou por uma brasileira e dessa história nasceu o Bruno.
No Brasil, seu pai criou a Lumière, para comercializar filmes franceses no país. “Desde muito cedo, viajei para os grandes festivais de cinema, como Veneza, Cannes, Berlim e Tribeca. O meu pai formou o meu olhar para o cinema.”
Quando Bruno tinha 15 anos, seu pai o colocou como estagiário no filme Madame Satã. Aos 26 anos, ele voltou a trabalhar com cinema e viu nascer no mundo um movimento que achou muito interessante: o crowdfunding, principalmente pela plataforma Kickstarter, dos Estados Unidos. Com um sócio, fundou a Sibite.
Ficou seis anos à frente da Sibite, como CEO, e aprendeu muito sobre o digital, o empreendedorismo. “Fazíamos o crowdfunding para projetos culturais e, então, surgiu a vontade de voltar a fazer cinema.” Não teve dúvida: vendeu sua parte na empresa e, em 2017, fundou com outros sócios a distribuidora Pagu. “Ainda assim, sentia a necessidade de unir a minha experiência digital e de startup ao cinema, daí nada mais natural que fazer uma plataforma de streaming nacional – a Filme Filme.”
Com a bagagem familiar e própria no audiovisual e a experiência no empreendedorismo digital, Bruno percebeu que em todas as grandes plataformas existem muitos filmes em catálogo e você passa mais tempo procurando um filme que assistindo a ele. “O desenho da Filme Filme é feito para simplificar esse processo de escolha. Temos poucas categorias e poucos filmes por categoria, todos escolhidos com alto nível de curadoria, por isso o nome Filme Filme.”
Fundada em março de 2020, com a ideia de ser um cinema digital, a Filme Filme teve 14 mil usuários cadastrados nos primeiros três meses. “Com essa revolução tecnológica que ocorreu por conta da pandemia e o crescimento do digital, hoje a Filme Filme conta com mais de 100 mil usuários.”
Com um modelo de negócios Freemium, pelo qual se pode assistir aos filmes de graça com anúncios, ou Premium, com valor muito baixo de assinatura, a Filme Filme está inovando: “Estamos criando a parte social, em que os usuários vão poder seguir outros usuários, ver a que os amigos estão assistindo, mandar mensagem, com a ideia de criar uma comunidade mesmo”.
Antenado com as mais recentes tecnologias, como Bruno vê o contra- ponto entre a mídia impressa e o digital? “Sou suspeito, pois assino jornal impresso. O mundo muda, mas cada experiência tem o seu lugar, e o jornal sempre vai ter o seu lugar porque é uma experiência única.”
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