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Mundo à parte

O apartamento do artista Dan Fialdini é um retrato dele mesmo. Com peças adquiridas ao longo do tempo, o apartamento é seu universo particular

por Joe Doe

O apartamento do artista Dan Fialdini é um retrato dele mesmo, passa uma tranquilidade e um acolhimento que ele é capaz de transmitir até no jeito de falar. “Minha casa tem tudo o que gosto. É o meu refúgio.”

Tudo o que ele gosta inclui obras de arte por todos os lados, livros, fotos, mobiliário e peças garimpadas mundo afora que lhe tocam o coração, além de frases e poemas que o artista escreve, de próprio punho, nas paredes. “Não tenho preferências, junto aquilo que posso ter e aquilo de que gosto”, ele conta.

É também o lugar em que ele trabalha partes pequenas e detalhes das esculturas em mármore que produz no sítio, ao ar livre, com direito a fazer sujeira e barulho à vontade. Nada de pressa. Afinal, esculpir a pedra de mármore não é algo que se faz de um dia para o outro. Exige paciência, força e tempo. “Se trabalho diariamente, termino uma peça em um mês; se tenho interrupções, preciso de mais tempo. O difícil é colocar a pedra no estado de começar a obra”, conta. Depois, embora pareça improvável diante de um material tão rígido, o trabalho de Dan flui, levando-o a sutilezas esculpidas no mármore que ele nem sabe de onde vêm. “Minha escultura não tem nacionalidade. Não sei explicar meu trabalho.”

Suas esculturas têm uma simbologia, elementos que se repetem – a escada, o pinheiro e a casa são alguns deles –, mas como diz Dan, é a pedra que mostra o caminho. Ele simplesmente vai descobrindo o que a pedra permite fazer. E para isso não tem escola, é a intimidade com o material e com as ferramentas que vai sendo construída com o tempo.

Dan é mineiro, de família italiana. “Meu bisavô tinha permissão do rei da Itália para tirar mármore das pedreiras para comercializar. Meu avô veio com 18 anos para o Brasil. Acho que minha relação com o mármore é atávica.” Só pode ser, porque ele começou fazendo esculturas em barro, experimentou a cerâmica e o ferro, até se encontrar no mármore. Na época, estudava na Faap e trabalhava no Masp, onde permaneceu 20 anos ao lado de Bardi, e ia à casa de um senhor português nos fins de semana para aprender as técnicas. Mais tarde, visitou os túneis de mármore em Carrara: “Essa experiência aflorou meu sangue italiano, que acaba refletindo no meu trabalho.”

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