
PIONEIROS
Alguns chefs saíram da França para se aventurar no Brasil e, arrebatados por nossa cultura – e por nossas mulheres –, jogaram âncora em São Paulo, trazendo o melhor da gastronomia francesa
COMPLEMENTARES
“Aos 18 anos, eu disse que nunca trabalharia nem com o varejo e nem com a minha mãe”, conta Bento, filho de Traudi Guida, fundadora da Le Lis Blanc (Restoque). E, rindo, continua: “Mas eu e ela sentíamos que faltava algo que pudesse promover uma experiência de compra mais encantadora, e a convidei para abrir um negócio comigo. O mais surpreendente é que ela topou!”
Empreendedor no mercado financeiro até 2022, Bento conseguiu fazer sua mãe desistir do ano sabático que planejava: “Eu me surpreendi com a decisão do Bento, mas é genético! Não precisou nem de dois convites para voltar a empreender no varejo, é meu vício”, disse Traudi.
Juntos, eles criaram a SOUQ em 2012, marca de decoração e moda. O negócio cresceu com as marcas de moda consciente IDA e com a de street style THESAINT, que fazem parte do grupo oáz.
“Claro que tem sempre uma pontinha de mãe na relação, é impossível separar completamente! Mas a vida de empresária é muito maior no dia a dia, com certeza.”
SINERGIA
Carolina Ferraz e Valentina Cohen, mãe e filha, se complementam. Juntas, depois de um tempo separadas pela distância, quando Valentina passou anos estudando fora do país, elas criaram a CIMPLES em 2021, com foco em objetos e peças para casa, com coleções de louças, tábuas de mármore e temperos, e uma linha de homewear.
“Quando a Valentina voltou para o Brasil, conseguimos colocar em prática nosso desejo de empreender e ter uma marca de home & lifestyle, já que sempre tivemos uma conexão muito grande com o lar”, conta Carolina. “Nós temos uma parceria muito produtiva. A Valentina é a CEO e está à frente de toda a parte executiva do negócio, enquanto eu cuido de toda a parte criativa dos produtos. Nada acontece sem a aprovação de nós duas e, de modo geral, eu sempre concordo com as decisões que ela toma, e ela sempre concorda com as minhas”, completa.
“Somos mais fortes juntas! Então, não vi outra opção a não ser embarcar nessa jornada maravilhosa que é
empreender ao lado dela”, diz Valentina. “É muito bom
trabalharmos juntas!”.
A FORÇA DA UNIÃO
Em 1996, quando os restaurantes por quilo estavam começando a cair no gosto dos moradores de São Paulo, Maria Lucia Kastropil apostou na ideia e abriu seu primeiro restaurante, Artur, depois que se separou.
As filhas Fernanda e Juliana começaram a trabalhar com ela por volta de 2000, e ficavam enlouquecidas na hora do almoço com a longa fila que se formava. “Para acabar com as filas, abrimos, ao lado, o Petit Artur”, conta Fernanda.
As áreas são bem definidas: a mãe cuida do cardápio, Juliana das compras e Fernanda de funcionários e pagamentos. “A gente se dá muito bem. Temos gostos parecidos, por isso quando as três precisavam opinar, dava certo”.
A mãe se manteve no comando até a pandemia, e não voltou ao trabalho com o fim do lockdown. “A gente sente falta dela no comando, mas procuramos seguir seu exemplo de manter os funcionários satisfeitos, trabalhando contentes”, diz Fernanda.
DUPLA PERFEITA
Ida Maria Frank e sua filha Virginia Janesó são as sócias por trás do festejado italiano Due Cuochi, com 17 anos de história e três unidades na capital paulista. Agora elas dão mais um passo e realizam um antigo sonho, inaugurando, em Pinheiros, o Due Cuochi Trattoria, que tem uma proposta diferente.
“Minha mãe é a melhor sócia que eu podia ter!”, conta Virginia. “Somos a dupla perfeita: às vezes, sou muito mole e ela é durona; quando sou durona, ela amolece, fazendo o contraponto”, completa a filha, que foi ocupando seu espaço.
No início, as áreas de cada uma eram bem definidas, mas com o tempo uma foi entrando na parte da outra naturalmente. “Ela tem mais know-how e eu tenho o maior respeito por ela, mas estudo bastante, e todas as decisões são bem conversadas entre nós.”
Claro que entre mãe e filha, mesmo em meio a panelas, escumadeiras e fouets, vez ou outra a água ferve. “É uma coisa curiosa, a gente atravessa terapia pesada trabalhando juntas”, diverte-se Virginia. “É bem gostoso, e melhorou muito a nossa relação. Quando meus pais se separaram, eu morei com meu pai e, ao trabalharmos juntas, resgatei essa relação.”
CUMPLICIDADE
A cumplicidade entre mãe e filha sempre marcou a relação e as apresentações das cantoras Zizi e Luiza Possi. Vivendo um momento especial com a chegada dos filhos de Luiza, Lucca e Matteo, elas celebram essa sinergia entre gerações nos palcos.
“O show foi idealizado pelas duas, com humor, amor, emoção e muita cumplicidade – ingredientes que regem a nossa relação”, contou Luiza “A maternidade me trouxe para mais perto de Zizi e por isso veio a vontade de dividir o palco em um show único, completamente emocionante, pensado e executado pelas duas”, finalizou.
Para elas, a maternidade foi uma oportunidade de reconhecerem uma na outra os méritos como mães. Luiza enaltece a Zizi avó, que diverte os netos se vestindo de super-heróis. Zizi, corujíssima, diz que toparia e adoraria trocar de papel e ser filha dela.

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Enquanto rasgava o papel de seda amarelado e seco que envolvia cuidadosamente seu livro Sertões, luz e trevas, na edição alemã, que recebi, pensava nas marcas

Descubra as histórias, reflexões e paixões do Chef Emmanuel Bassoleil, do Hotel Unique. Da Borgonha ao Brasil, ele compartilha memórias, dicas gastronômicas e sua conexão com dois mundos.
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