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A diversidade preciosa da Amazônia

Formado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), André Villas-Bôas atuou na Fundação Nacional do Índio e no Ministério da Reforma Agrária. Associado, fundador e membro do Conselho Diretor do Instituto Socioambiental e do Imaflora, é secretário executivo da Rede Xingu+, trabalhando para ajudar 26 povos da Bacia do Xingu e do rio Negro em seus direitos. Em entrevista para aQuadra, ele fala do patrimônio valioso que é a Amazônia.

André Villas-Bôas

Qual é a importância da Amazônia?
AVB: O Brasil é um país megadiverso, com mais de 250 povos, 150 línguas diferentes – um patrimônio valioso no contexto atual do país e do planeta, considerando os recursos naturais da floresta –, e as políticas de estado não dão conta dessa diversidade.

A Amazônia não é homogênea, é uma diversidade ainda bastante desconhecida, já que as nossas ações de pesquisa e interesse pela floresta sempre ficaram aquém, não há verba para levantar esse patrimônio.

Por que é tão difícil proteger os indígenas?
AVB: Os povos indígenas são vistos como coisa do passado. É irônico: ao contrário de antigamente, hoje, para sermos reconhecidos do ponto de vista da civilização, pede-se que a gente reconheça esses povos e preserve a floresta.

A importância desses povos e de seus modos de vida é que mantêm a floresta de pé. Eles são os verdadeiros guardiões da floresta. E as políticas não reconhecem, não alcançam essas populações. Temos que revitalizar essas políticas.

Mas há áreas indígenas e protegidas…
AVB: 25% da Amazônia são terras indígenas e 25% são áreas protegidas para preservar ecossistemas, biodiversidade, bacias hidrográficas e o equilíbrio climático, além de assegurar o direito de permanência e a cultura de populações tradicionais e povos indígenas. Para isso é necessário que órgãos como Ibama, ICMBio, Funai atuem de forma consistente.

O garimpo é o grande vilão atual?
AVB: A constituição brasileira veda a presença de garimpo em terra indígena, mas ele está lá, numa escala nunca antes vista. É uma destruição que ninguém se responsabiliza depois, uma atividade predatória por natureza. É algo do século 17 que não cabe no século 21 em nenhum contexto, nem no econômico. Não beneficia ninguém, só meia dúzia de pessoas.

Qual é a solução para a Amazônia?
AVB: A presença do Estado, no sentido de ordenar a ocupação da Amazônia, é fundamental. A questão ambiental deve ser central: uma economia que valoriza a floresta de pé. Para reverter o quadro atual, somente com um conjunto de políticas que possam levar a manter a floresta de pé.

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