As redes sociais não decidem sozinhas uma eleição ainda, mas influenciam. Em 2016, o Novo, por exemplo, elegeu quatro vereadores pelas redes sociais, meio de comunicação mais usado por eles, que não tinham verba para campanha em outras mídias.
Agora, o Brasil ainda está mais atrás nesse processo, já que metade dos eleitores não está conectada. Eleição aqui ainda se dá em ambiente tribais, nos currais eleitorais mais tradicionais.
aQuadra: Como professor, o senhor tem contato com jovens. Acha que eles se interessam mais por política do que, por exemplo, a sua geração? Como cativar os jovens, formar novas lideranças?
CL: A geração de quem tem hoje entre 35 anos e 50 anos é uma das piores em matéria de envolvimento na política, talvez em função de uma herança meio maldita do regime autoritário.
Os jovens de 18 anos a 25 anos, na comparação com a geração anterior, são os que se interessam mais, na média. Mas, pelos grandes temas – como das liberdades individuais, das drogas, da orientação sexual – e não pela administração pública, pelo que é de todos.
A política serve para fazer a vida de todos ficar melhor. Carecemos de educação política, precisamos de uma agenda coletiva. O brasileiro não sabe o que é viver coletivamente. Povos que passaram por guerras – como os japoneses, europeus e até canadenses – aprenderam a ferro e fogo isso.
aQuadra: As pessoas criticam, reclamam dos políticos, mas pouca gente nova parece querer ingressar na política. Como o senhor acha que pode ser a participação do cidadão? Atuar no bairro, na comunidade, na universidade, na entidade empresarial já seria um começo?
CL: Sim, reunião de condomínio ou para tratar de temas de interesse do bairro já é atividade política. Mas pela política partidária, que tem papel fundamental na criação das leis, ou seja, por essa instância as pessoas não se interessam e não se fazem representar.
O Congresso Nacional não representa a sociedade brasileira. A sociedade é melhor do que o Congresso. A diferença entre o privado e o público é um verdadeiro desastre. Se existe capacidade para fazer bem no privado, por que não fazer direito no público?
Ter cargo público remunera pouco, dá trabalho e ainda implica diversos riscos. Enfim, política é uma atividade missionária, mas as pessoas têm que entender que, se não se envolverem e participarem, outros cuidarão da vida delas.