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Razão para viver

Por Dipadi Pietro

Diante do cenário hostil causado pela pandemia, o confinamento nos convidou com insistência a enxergar as relações por outros ângulos. Distantes do convívio social, mas mergulhados nas relações familiares, esses contatos se transformaram, ganharam significados adicionais, ofereceram alternativas – para o bem ou para o mal.

Para o lado do bem, o processo de “humanização” entre pets e donos, que já vinha em ascensão, se acelerou.

O estrategista de varejo Dipadi Pietro e sua amiga de todas as horas, a Akita nu Miyuki.

Já é comprovado que a presença de um pet auxilia na atenuação do estres- se, pois diminui a produção de cortisol e, assim, contribui para um sistema psicológico mais saudável. Outra razão, amplificada pela angústia gerada neste período, é o fato de os animais proporcionarem sentimento de utilidade e razão para viver. Geram propósito e motivam seus donos para atividades físicas em sua companhia.

Essa percepção ressignificada e ampliada resultou em crescimento das adoções e aquisições. ONGs e protetores dos animais afirmam que no período de quarentena a procura por adoção de cães e gatos teve um aumento de até 50%, e cerca de 20% de aumento nas vendas.

Quando falamos de mercado pet, pense em um gigante em crescimento. De acordo com o Euromonitor Internacional, o mercado pet cresceu 66% na última década enquanto a economia global expandiu 43%.

Em 2019, o mercado brasileiro foi de 22,3 bilhões de reais, gerados por 143 milhões de animais, sendo 51 milhões de cães. Representa o segundo mercado mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Quase 33 mil operações de varejo impulsionam esse segmento. Um dos destaques nesse universo é a Petz, que, em seu recente IPO, atraiu quase 40 mil pessoas físicas e movimentou 3,03 bilhões de reais, prova da força e da atratividade desses bichanos.

Da mesma forma que esse cenário construiu momentos de felicidade nas novas relações, infelizmente já criou um alerta para as ONGs cuidadoras de animais. Alguns novos proprietários se cansarão de seus animais de estimação. Muitos voltarão ao trabalho se deparando com a falta de tempo para cuidar dos pets. Dificuldades financeiras vão induzir à revisão de despesas. Conclusão objetiva: o abandono tende a crescer.

Diante de tudo isso, convido a todos que leram este texto a refletirem sobre a missão que nós, como sociedade e cidadãos, temos no equilíbrio coletivo. Tenham responsabilidade na adoção, compra e manejo. Respeitar e amar esses seres de energia é honrar a lealdade e amor que eles dedicam às nossas imperfeições e o privilégio que eles nos concedem com sua existência.

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